Nesse mês, nossa coluna Abrindo o Jogo traz uma mulher que viveu, na pele, o que poucos têm coragem de contar: os bastidores, os tropeços e as estratégias reais por trás da profissão que virou febre entre os brasileiros na América — a de agente financeiro licenciado.
Fernanda Pontoni atua na área desde 2018 e hoje lidera a Pontoni Financial, com mais de 18 agentes ativos e centenas de clientes no portfólio. Mas nem sempre foi assim: no início, seu trabalho rendia menos de 4 dólares por hora. Persistente, ela viu no fracasso um trampolim — e construiu, com estratégia, fé e propósito, uma carreira milionária nos Estados Unidos.
Nesta entrevista exclusiva, Fernanda nos leva para dentro dos bastidores do mercado financeiro americano, revelando os bastidores que poucos mostram: o peso da expectativa, a realidade da comissão, os erros de quem começa e o que diferencia quem cresce de quem desiste. Tudo com a sinceridade de quem vive o que ensina.
Prepare-se para um papo reto sobre visão de futuro, liberdade financeira e propósito — com uma brasileira que decidiu empreender para transformar não só a própria vida, mas a de todos que cruzam seu caminho.
1. Ser agente financeiro nos EUA virou o “novo sonho americano” para muitos brasileiros. Mas, na prática, quais são os desafios invisíveis que ninguém te contou antes de entrar nesse mercado?
O maior desafio é entender que você está abrindo um negócio, não entrando em um emprego. Você precisa desenvolver visão estratégica, inteligência emocional e gestão do tempo. No início, conciliar maternidade, casamento, casa e empresa parecia impossível — mas foi justamente essa carreira que me deu liberdade com responsabilidade. Hoje, lidero uma agência com mais de 300 clientes ativos no portfolio da Pontoni Financial onde eu e meu esposo somos sócios, temos 18 agentes produzindo, sem abrir mão de estar presente com meus filhos e minha família.
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2. A licença é o primeiro passo, mas o que realmente faz a diferença entre quem prospera e quem desiste nos primeiros anos? Existe um “pulo do gato” nesse mercado?
Existe, e é simples: humildade para ser treinado e visão para construir algo maior que você. Eu dividi, com alegria, minhas primeiras comissões com meu mentor porque recebi o que ninguém me ensinaria nos livros e nas redes sociais: foi vivencia sabe? Porque cada cliente é um cliente, e os caminhos das pedras foi o meu mentor compartilhando td que ele tinha aprendido com o mentor dele quando ele começou. Aprendi nesta carreira que dividir me faz multiplicar. Quem cresce nesse mercado entende que compartilhar é aumentar seus ganhos exponencialmente.
Essa carreira funciona como o modelo das grandes corretoras de imóveis como Keller Williams ou Remax. Você começa aprendendo, depois forma equipe, constrói sua agência e escala com consistência. Eu falo aos meus mentorados que eles estão adquirindo uma franquia de um business regulamentado nos EUA por aproximadamente $300, (Investimento entre registro numa broker, curso pra licença, a licença, finger print etc). Você começa o seu negócio com um sistema pronto — treinamentos práticos, IA, materiais e estrutura completa. Vc adquire um ecossistema e sua missão é multiplicar ele caso vc decida construir uma agencia pra obter renda passiva, o que não é obrigatório. Conheço muita gente que decidiu ser apenas produtor pessoal (self employee) do que construir sua agencia. E isso é lindo pq vc decide como vai atuar.
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3. Fala-se muito em altos ganhos, mas o início costuma ser bem diferente. Qual foi o seu primeiro faturamento real e quanto tempo levou até conseguir viver 100% da profissão com estabilidade?
Durante 1 ano e 9 meses, ganhei menos de $4 por hora, (meu marido fez esse calculo na época). Eu estava em uma seguradora que não possuía produto para o imigrante e pra ela so servia os clientes ricos e saudáveis. Quase desisti. Mas quando fui estudar mais esse mercado, eu conheci o modelo de brokers e decidi aceitar o convite de uma das maiores dos EUA, e ai que vi que o ecossistema era sério, com suporte e processos, foi então que minha carreira mudou. No primeiro mês, faturei $5 mil. Em menos de dois meses, já vivia 100% da profissão fazendo $15 mil media no primeiro ano. Eu comecei na industria em 2018 e hj faço de produção pessoal aproximadamente $300 mil ano. Sem contar a produção da agencia.
Hoje, a Pontoni Financial deve ultrapassar $1 milhão em faturamento em 2025, com 18 agentes ativos e centenas de vidas impactadas. O mais incrível? Tudo começou com uma decisão — a de não desistir. E meu slogan hj na industria é #sovai … pq foi a minha persistência e fé que não me deixaram desistir de algo que era bom pra mim e para as pessoas que eu ia impactar.
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4. Muita gente acha que basta gostar de finanças para ter sucesso como agente. Mas e o lado emocional? Qual foi o momento mais difícil da sua jornada e como você se manteve firme?
Esse é um negócio mental. Você precisa acreditar antes de ver. Persistir mesmo diante da dúvida. O momento mais difícil foi quando nada dava certo na primeira tentativa, mas eu me recusei a parar porque foi muito difícil obter a licença na epoca. Como não tinha processos e nem metodo, eu tentei 7x ate conseguir a licença… hj as pessoas passam de primeira pq até traduzir para o português traduzimos a prova do estado. Hoje, olhar para trás e ver quantas vidas foram tocadas — clientes com câncer que receberam benefícios em vida, famílias que compraram casa com dinheiro acumulado na apólice, pais que ajudaram no casamento dos filhos ou empreendedores que financiaram seus negócios com empréstimos da própria apólice — isso me mostra que valeu a pena. E sem falar que hoje meu esposo é meu socio, e esse é o negocio da familia.
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5. O que você vê de expectativa versus realidade nos brasileiros que entram na área achando que vão “ficar ricos rápido”? Existe glamour demais nas redes sociais?
Sim, muito glamour e eu não sou a favor de slogans de dinheiro facil nesta carreira não. A comissão de um agente é muito boa sim, e ainda as seguradoras te oferecem renda residual para as apólices vitalícias enquanto existirem. Mas nada disso funciona sem estudo, frequência e posicionamento. A verdade é que esse setor é extremamente sólido: em 2023, foram mais de $200 bilhões em prêmios de seguro de vida individuais nos EUA (LIMRA).
E mais: 52% dos cidadãos que residem nos EUA (independente do status imigratório), ainda não têm seguro de vida, e dos que têm, metade está subprotegida porque não conhecem ou não possuem o seguro com benefício em vida. Existe um mercado imenso, legítimo e com demanda real. Só precisa de gente disposta a fazer com excelência.
É só pegar as estatísticas da quantidade de brasileiros que chegam nos EUA. Tem muita gente pra cuidar e proteger.
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6. Atuar com a comunidade brasileira na Flórida tem suas particularidades. Quais são as maiores objeções que você escuta no dia a dia e como você lida com a desconfiança natural em relação a finanças?
A objeção mais comum é “já tenho seguro do Brasil” ou “não confio em seguro”. Mas quando explico que o seguro do Brasil está em R$ e se falecer aqui será que vai receber? E outra, as vezes nem oferece benefícios em vida — ai tudo muda. O produto americano é imbatível e falamos de seguradoras de mais de 175 anos de vida que passaram por todas as crises mundiais e se mantem firmes e solidas. Esse mercado é surreal se vc parar pra pensar que, qq indivíduo precisa de proteção, de segurança e de acumulação financeira pro futuro. Especialistas brasileiros como G4, Bruno Perini, sao defensores desta carreira. E aqui nos EUA temos Grant Cardone – Empresário e investidor bilionário, já afirmou publicamente que utiliza seguro de vida como veículo de proteção e legado, além de defender Infinite Banking em sua estrutura patrimonial. Tony Robbins – Em seu livro “Unshakeable”, ele menciona estratégias que envolvem seguros de vida com benefício em vida e vantagens fiscais, como forma de proteção patrimonial e legado familiar. Dave Ramsey – Ele reconhece o valor de seguros de vida bem estruturados para proteção e planejamento sucessório. Robert Kiyosaki – Autor de Pai Rico, Pai Pobre, é um defensor de estratégias de acúmulo e blindagem de patrimônio, e apoia o uso de veículos que protegem capital fora do alcance de bancos e governo.
E nos EUA, comunidade brasileira cresce todos os dias. Já somos mais de 3 milhões vivendo nos EUA e milhares chegam todos os meses. E muitos têm patrimônio nos dois países. Atender esse público é mais do que um mercado: é um propósito. Blindar, dolarizar e proteger seus bens não é luxo — é visão e necessidade.
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7. Como funciona, na prática, a remuneração de um agente financeiro? Dá pra conciliar com outra profissão ou, pra ter sucesso, precisa estar 100% focado desde o início?
A remuneração é 100% comissionada, com possibilidade de residual por anos, o que permite construir renda passiva real. Dá pra começar conciliando, sim. Mas quem mergulha de cabeça e usa o ecossistema da sua broker acelera muito mais.
Você pode captar clientes pelas redes sociais — desde que com verdade e consistência. Mas o que te diferencia é o contato humano: frequentar eventos, criar conexões, gerar autoridade no seu círculo de influência. Esse é um mercado que exige presença e posicionamento.
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8. Quais são os erros mais comuns de quem está começando nessa carreira? Existe alguma armadilha que quase te fez desistir?
O maior erro é entrar achando que vai ficar rico sem esforço. Outro erro é não aceitar ser treinado. Eu quase desisti por me sentir sozinha no processo — até entender que quem chegou antes de mim podia me ensinar com velocidade.
Hoje, mentoro não só minha equipe, mas pessoas de outras agências também. E sigo acreditando: mais vale dividir uma melancia do que ter uma uva sozinha. Esse é um modelo que valoriza quem compartilha.
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9. Com tantos brasileiros entrando na área, você acredita que o mercado está saturado ou ainda há muito espaço — especialmente para mulheres?
Ainda há MUITO espaço. Falta profissionalismo, não vaga. O número de agentes aumentou, mas os realmente ativos, treinados e comprometidos ainda são poucos.
E para as mulheres? Esse mercado é perfeito. Somos excelentes em relacionamento, escuta e fidelização. A liderança feminina é uma potência que ainda está ganhando visibilidade — e a indústria está pronta para isso.
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10. Pra quem está pensando em começar agora, qual seria o conselho mais honesto que você daria? E o que você gostaria de ter escutado no início da sua trajetória?
Você pode começar esse negócio com menos de $300 e até hoje não me apresentaram nada real com esse investimento que me desse o retorno que tenho.
Meu conselho mais honesto? Trate essa carreira como o seu negócio. Não subestime a oportunidade porque ela começa pequena pu porque tem gente falando mal. Eu so aceito conselho de quem teve resultado, porque o fracassado vai falar mal mesmo, assim como advogados ruins, contadores ruins, medicos ruins, onde tem gente tem esse problema. O que hoje é uma porta, amanhã pode ser o seu legado.
O que eu gostaria de ter escutado? “Você vai mudar vidas, vai impactar pessoas, vai fazer a diferença no mundo, vai cuidar de gente. E no fim, isso é o que mais importa.” Afinal como cristã eu creio na lei da semeadura e creio que todos nós temos uma missão nesta vida.
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