Chegamos à metade do ano. E, com ela, vem aquele momento clássico de pausa e reflexão: estou no caminho certo? Preciso mudar algo? E quando falamos de estilo pessoal, essa pergunta também se faz essencial. Você ainda se reconhece naquilo que veste?
Muitas das minhas clientes aqui nos Estados Unidos compartilham um sentimento comum: ao mudar de país, mudaram também, muitas vezes sem perceber, a maneira como se vestem. Isso acontece porque o nosso estilo é diretamente influenciado pelo meio em que vivemos. E, quando o ambiente muda radicalmente, como ao sair do Brasil e viver numa cultura completamente diferente, é natural que essa mudança também afete a forma como nos expressamos através das roupas.
Nos EUA, por exemplo, há uma cultura mais prática e descomplicada com relação à imagem. Não é raro ver pessoas no supermercado ou farmácia de pijama ou moletom. E, de início, isso pode parecer libertador: “Que ótimo, ninguém vai me julgar, posso sair do jeito que quiser.” Só que esse “relaxamento” que parece tão inofensivo vai, aos poucos, afetando algo mais profundo: a sua autoestima. E a ciência comprova isso.
Segundo estudos de neurociência, o que vestimos impacta diretamente a forma como o cérebro percebe a nossa própria identidade. Quando usamos uma roupa ativamos áreas do cérebro relacionadas à autopercepção, autoconfiança e tomada de decisão. Ou seja, se vestir bem para si mesma é um estímulo direto ao cérebro e à autoestima. Devemos nos arrumar não apenas para ser vista pelos outros, mas porque nós mesmas estamos nos vendo o tempo todo.
O espelho, o reflexo no vidro do carro, a câmera do celular… E quando deixamos de nos reconhecer, começamos a nos sentir desconectadas da nossa essência. Esse é o momento de recalcular a rota. Assim como no GPS, recalcular o estilo não significa começar do zero. Significa apenas reencontrar o caminho que faz sentido para você agora. Porque, sim, o estilo pode (e deve) mudar com o tempo, afinal, nós também mudamos. Mas ele precisa continuar sendo um reflexo verdadeiro de quem somos.
Veja alguns momentos que costumam marcar essa virada de rota no estilo:
• Mudança de país ou cidade
• Maternidade
• Mudança de carreira
• Transição de fases (dos 20 para os 30, dos 30 para os 40…)
• Término ou início de um relacionamento
• Alterações no corpo ou na saúde
Nesses momentos, é comum sentirmos que o nosso guarda-roupa já não conversa mais com a mulher que somos. E tudo bem. A boa notícia é que dá para reencontrar esse caminho com leveza, consciência e, acima de tudo, carinho por si mesma.
Aqui vão 5 passos práticos para recalcular o estilo com leveza:
- Reconheça o incômodo: Sente que está sempre repetindo as mesmas roupas? Nada te anima a se vestir? É sinal de que algo precisa ser revisto.
- Relembre quem você era (e quem você é): Pegue fotos antigas em que você se sentia linda e confiante. O que você vestia ali? Quais elementos ainda conversam com você hoje?
- Observe o seu entorno com senso crítico: A cultura local influencia, sim, mas você não precisa se apagar para se adaptar. Encontre um ponto de equilíbrio entre conforto e identidade.
- Revisite seu guarda-roupa: O que te representa de verdade? O que está ali só por estar? Desapegue do que já não fala com a mulher que você se tornou.
- Permita-se explorar: Teste novas combinações, invista em uma peça que te faça brilhar os olhos, peça ajuda profissional se sentir necessidade. Esse processo pode (e deve!) ser leve e divertido. Recalcular o estilo é, no fim das contas, um ato de reconexão. É sobre se olhar com honestidade, coragem e amor. E lembrar que você merece se sentir bem na própria pele, todos os dias. Então, se ao abrir o armário você sente que perdeu algo de si mesma… respire fundo. Não é o fim da estrada. É só hora de recalcular a rota
